quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Ser pretensiosa, talvez seja parte do meu temperamento, mas o que me leva a entrar na net, perder um tempo relativo, e ainda, estar expondo opiniões que podem ser mal interpretadas, é hoje o meu meio mais cômodo de   conseguir "jogar" para fora coisas acumuladas ao longo do tempo. Não sou profissional da área onde as letras sejam o forte, tampouco faço parte do seleto - e maravilhoso - mundo dos escritores. Sou, enfim, somente e tão somente, uma mulher, comum como tantas, mãe, pobre (considerando padrões econômicos), inteligente dentro do que se julga tal, solitária na maior parte da resolução dos meus problemas, mas sou, acima de tudo, absolutamente inconformada com o que se vê, nota-se, presencia-se dentro de determinadas áreas de nossa sociedade. Os descasos, os desmandos, a falta de ética, a incompetência, são, dentre outras coisas o que mais me deixa, senão furiosa, fora do meu prumo! Não consigo cruzar os braços, estando aí, talvez, meu maior defeito! Calar a boca, então, nem pensar! E, acreditem meu tom de voz é baixo o suficiente para ser quase monótono (alguns julgam elegante, eu, uma falha)
Sou observadora perspicaz, daquelas a que quase nada escapa, e quem me conhece me julga "avoada", adjetivo que eu mesma deixei me fosse imposto. Pura ilusão! Por trás do meu jeito um tanto atrapalhado, e que alguns julgam "calmo", existe uma pessoa absurdamente intolerante. Meu maior defeito, talvez. Sou muito, muito intolerante. Intolerante com as mesmices, intolerantes com a falta de expectativa, minha e dos que passam por mim, intolerante com a própria intolerância, mesmo que pareça um paradoxo, sou intolerante assumida, e sofro por tal. Melhor seria ser como grande parte: mesmo o sendo - intolerantes - disfarçam tão bem que não deixam transparecer tal intolerância. Eu, absolutamente, não consigo. Uso, exageradamente superlativos, pouquíssimo  ou nunca os diminutivos, como por exemplo, o famoso "queridinha(o), ou algo do gênero. A mim parece hipócrita demais. Só aos filhotes, o diminutivo. Passou dos doze anos, valendo para o ser humano, a mim já é adulto, respeitados, lógico. os limites naturais.
Não sou tão jovem, chegando já aos 55 anos, Nem por isso estou velha, ou não me sinto como tal. Tenho pavor da velhice, não como passagem do tempo, mas como chegada do declínio natural, das dores quase certas e tenho pavor da dor, seja ela de que origem venha. Se física, psíquica ou emocional. Dor é sempre dor! Levo azar, tenho ela sempre por perto. Parece que a atraio e sou, juro, exceto a intolerância, uma pessoa que se cuida. Mas levo azar - palavra feia e que pode ser revertida em outra, mas que não muda o seu sinônimo -. Dores físicas, numa intensidade quase insuportável. Tenho problemas renais há anos, minorizados, ou pouco valorizados pelos médicos. E quem as tem, sabe quão dolorosas são! Uma das dores que faz com que hoje, num horário já bem tardio, esteja aqui, frente a um teclado, tentando de alguma forma comentar sobre INDIGNAÇÃO, aliás, o título que escolhi e que até agora, ficou somente nas entrelinhas, e nem todos a entenderam. Bem, vamos a ela. Por anos, sofro com as tais dores renais. No começo eram infecções constantes, o que me levou a uma cirurgia, em 1983, e nessa cirurgia um resultado desastroso. Na cirurgia, "esqueceram" uma COMPRESSA dentro do espaço por onde fizeram a investigação e tentaram drenar a tal inflamação, que até hoje não sei, dava-se ao quê. Foram três meses tendo por companhia, um trapo podre dentro do organismo e dores e dores....Exames, exames e exames e nenhuma conclusão. À época, o melhor método investigativo ainda era a ultrassonografia e ela acusava "mancha com acústica". Simples, não? Para um leigo com dores, decreto de um provável câncer ou qualquer coisa que o valha. Bem, naquela época, ainda existia a facilidade de acesso aos hospitais. E fui feliz, pois dentro de uma Santa Casa, uma equipe médica foi além. Uma laparoscopia mostrou o real motivo das dores. Começou aí minhas indignações. Os médicos muito interessados, atendimento muito bom e humano, enfim, fui, com certeza, salva pela dedicação dos médicos, e claro, porque naquela época, as Santas Casas faziam justiça ao nome. Diferentemente de hoje, onde hospitais, num geral, e Santas Casas, inclusive, preocupam-se com o que o ônus  que um paciente acarreta. Um paciente é atendido, sim, mas já quase à morte se não possuir um plano de saúde, dinheiro suficiente, ou ainda, for um sortudo, ou, por trás, tiver um amigo médico ou alguém da equipe que o "leve" para dentro do hospital. Pela minha experiência funciona assim, e me corrijam, por favor, se eu estiver errada. Deixo aqui o espaço para que determinadas especialidades da medicina tenham favorecimento. Em minha cidade - Ponta Grossa - há uma quase busca por cardíacos, parecendo ser uma preferência médica. Dá status ser cardiologista? Dinheiro, também, mas há muitos que fazem o tratamento pelo tão famoso e conhecido SUS, com a mesma deferência de um atendimento particular. E temos excelentes cardiologistas, Graças a Deus! Vou entrar na questão SUS. Uma sigla, um programa de saúde que abrange todo o território nacional (será) e tão comentado pela política. Nem sei ao certo quem criou a sigla, mas o que sei, sentindo na pele, é que o tal SUS nos veta. Os direitos do SUS vão até o posto de saúde de nossa região, obviamente se existem. E ainda, se existem, dependem de quem é o médico, a enfermeira(o) chefe e ainda, o Secretário de Saúde do Município, mais todos os funcionários que ficam nos dias úteis - feriados, sábados  e domingos, nem pensar! - em sua maior parte fazendo de conta que estão trabalhando. Perdão aos que realmente trabalham, e existem vários, mas na maior parte, parecem "bandos" revoando"  num mesmo espaço. Afinal, são concursados...Condição para a tranquilidade da não despedida por "motivos fúteis", mesmo que sirvam, única e exclusivamente, para onerar folha de pagamento do município. Mas esse, por ora, não é meu problema, que aliás, é outro e volto a ele. Comentava sobre indignação, não é? Pois é, naquele tempo, em 83, mesmo ouvindo, na sala de cirurgia o que realmente ocorria, ainda que meio "grogue", e depois, com mais três cirurgias para correção de algo mais, ainda assim, fui quase que proibida de "ousar" responsabilizar o médico desatento - e não era da Santa Casa - deixo claro. Também, fedendo em vida, com "tubos" sugando sujeira, era-me impossível levantar e ir dar a bronca no tal médico. O fiz depois, mas no prontuário, o descritivo dizia que eu fora submetida a uma extração de apêndice supurado!!!! Fácil e simples! o médico ainda está por aqui, hoje dando laudos num determinado local. Mas ainda é médico! Eu? Além de cicatrizes horrorosas de drenos e lembranças dolorosas de uma dor que não se explica nem se esquece. Fora a fome, pois num processo desses, onde dejetos se misturam com órgãos e sangue e sei mais lá o quê, o simples fato de comer é impossível! Estou, de novo, com problemas renais. Voltam sempre. E nos últimos tempos, há toda uma corrida em busca de um socorro quase impossível. Não vem! Não sou paciente crítica, sou ELETIVA, que quer dizer, pode esperar. Mesmo que tenha feito uso de morfina, internamentos vários, sou mandada de médicos à médicos, exames e exames, tudo no aguardo de vagas, que demoooooram, e na última cirurgia, em 2009, só a consegui às custas de brigas. Fui bem atendida, mas com uma demora de um ano e um mês, entre a primeira consulta e a tal cirurgia, que por sinal se modernizou. Com os novos equipamentos, é indolor - não isenta de riscos, claro - mas rápida e quase inadmissível ter que esperar tanto para conseguir uma delas. São, no máximo, três dias de internação hospitalar. Bem menos que o que se gasta com um preso numa semana inteira. Hoje ouvi do médico que já me deu cansaço por várias vezes, que o preço que o SUS PAGA por uma cirurgia, não cobre  o valor do cateter que é usado, e que, segundo tal médico, por exigência da ANVISA ou do próprio SUS, não prestei atenção, todos os materiais têm que ser descartáveis(????) o que torna a cirurgia absurdamente cara, considerando que o SUS paga (segundo o médico) a média de R$ 400,00 por uma cirurgia desse porte e que o tal cateter, custa, em média, R$ 2.500,00. Minha prima operou há pouco tempo, e um cateter,segundo o médico dela, custava R$ 600,00. Sei lá quais cateteres são esses. Os conheço somente por tê-los visto no braço quando das injeções que tomo regularmente, e sei, não são os mesmos que usam em nosso corpo quando numa cirurgia. Mas que precinho alto, tal cateter, tanto o de R$ 600,00, quanto o de R$ 2.500,00! Vou virar "catetereira"Parece ser um bom negócio! Que o SUS não reajusta valores é fato concreto e pagamos a CPMF para suprir deficiências na saúde e foram vários anos, lembram? E as campanhas pela saúde? O câncer virou famosidade, quando sabemos, que nós, os mortais comuns, se o tivermos, não teremos o atendimento de um ex-presidente, de uma atual Presidente, ou de um ator famoso. Mesmo com pena deles - afinal, são humanos e passaram por graves problemas físicos - ainda assim, o atendimento foi a tempo. Não está sendo o meu caso, como não é o caso de uma infinidade de doentes mundo afora, mas principalmente no Brasil, País de um povo heroico...Minha indignação é o tempo em que se leva para ser atendido, mesmo numa emergência, mesmo com fortes dores, e hoje, o desapontamento com os médicos, que ao que parecem, ao se formarem, o fizeram tão e simplesmente pelo título de doutor que tal profissão dá. Já não encontro mais médicos capacitados. E hoje são subdivididos em áreas específicas, especialidades próprias e ao chegarmos a eles, se vamos encaminhados via SUS, vem a necessidade de uma infinidade de exames, que oneram o sistema e no fundo, provam, que a especialização tão falada e almejada não serviu para nada. No passado, quando a medicina era um sacerdócio - e falo isso a partir de 1957, ano em que nasci, esquecendo os tempos remotos, onde a dor já era combatida de alguma forma, sempre empiricamente, mas os resultados, no fundo, eram bem melhores, e seus gastos, bem menores.A morte é um fato, mas sua dignidade hoje é questionada. Médicos e sistemas de medicina que deixam a desejar! E estamos num país emergente! No fundo, somos ainda, um povo desprotegido nos direitos básicos tão valorosamente discutido e aplicados(?)na nossa Constituição Brasileira. Onde estão os cumprimentos da Lei? E, onde está a Lei? Vale somente para as municipais que ficam bastante claras e em evidência que o DESACATO AO FUNCIONÁRIO PÚBLICO NO DESEMPENHO DE SUAS FUNÇÕES É PASSÍVEL DE PUNIÇÃO SEGUNDO TAIS E TAIS LEIS... Não se pode "desrespeitar" o médico, o perito, o enfermeiro, o atendente e demais profissionais, mesmo quando nos tratam como simples coisas... Mesmo quando, com aparente desinteresse nem ao menos nos olham, quanto menos questionam com habilidade. Novamente abro um parêntese para médicos bons, que, por sorte, existem, sim, mas são poucos e quase sempre visam um cargo político. Por que será? Qual é a ligação entre medicina e política? Por que tantos vão por esse caminho, e, pior, o povo vota neles e os elege, mesmo  sabendo que não farão bem nem uma coisa nem outra? Povo cordato, não? Ou bobo o suficiente para se deixar enganar? Por esse caminho é que entro no tema INDIGNAÇÃO!. Indignação pelo que passo e que mesmo solicitando resposta ao Ministério Público estou há mais de um ano aguardando ser operada. Uns prometem e não cumprem (médicos), outros se negam a fornecer resultado de exames que ficam em seu próprio consultório e feito por eles, no caso da ultrassonografia, ainda, quando me fornece um documento, é um encaminhamento para atendimento fora do domicílio. Moro numa cidade de mais de 300.000.000 habitantes, com uma rede hospitalar razoável e um número enorme de médicos, inclusive da área de nefrologia e urologia, mas todos, com restrições(?) de convênios com Estado e Município. Pura balela! Com dinheiro, faz-se a cirurgia imediatamente, e aqui entra minha indignação. Um centro cirúrgico, usado por no máximo quatro horas, custa tão caro, além do anestesista, assistente, e demais profissionais? Sei, por informações precisas, que alguns hospitais, no passado, valiam-se dos remédios cedidos como amostras grátis e que depois eram faturados como se fossem comprados normalmente. Não sei se hoje ainda é assim, mas que aconteceu, aconteceu, MESMO! E quem fazia tal procedimento eram pessoas cujo juramento envolvia o aspecto religioso. Não presenciei isso, tampouco trabalhei nesses setores, mas tenho amigos (vários) da área de saúde, obviamente num escalão decrescente, que jogam essas pérolas ao nosso conhecimento. Enfim, mais um dia de dor, sem solução e numa cansativa espera numa sala de espera por mais de quatro horas. Isso porque fui encaminhada já com prévia história de brigar via judicial. Resolveu? Não! O médico, cujo prazer em escrever supera o meu prazer em escrever, parece estar conectado ao que eu, particularmente chamo de DROGA DE PROFISSIONAL. Se por vários exames não descobre um nódulo na glândula supra-renal, mesmo tendo em mãos, resultados de tomografia computadorizada, poderá preocupar-se exatamente com o quê? Em fazer nome numa cidade menor, visto ser Ph-d, residir numa capital, e ainda assim, atender (?) numa cidade menor? Parece ser o caso, e pior, delicadamente sarcástico!